Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de maio, 2022

Lista de Leitura - Visão de mundo

Apesar de o considerarmos como uma religião, o Paganismo Germânico é abrangente e complexo. Poderíamos simplesmente elencar os diversos deuses e seres divinos que nos são providos pelas Eddas e Sagas, comprar estatuetas, alguns incensos e velas, e então fazer qualquer coisa com tudo isso, a qual chamaríamos de ritual, reza, oração, ou seja lá mais o que poder-se-ia denominar. Todavia, a cultura pop trouxe à tona tudo isso; não só essa mistura esdrúxula de Cristianismo e cultura Germânica, mas outras coisas tão estapafúrdias quanto: como o nosso famoso Thor loiro, o Valhalla como um paraíso, valquírias como seres bondosos e de beleza estonteante que levam-nos para o paraíso. Todos estes equívocos possuem um número considerável de motivos. O primeiro certamente é a influência que as “Religiões Mundiais” tiveram (e têm), sobre a cultura e sociedade passada e atual. Basta uma olhada um pouco mais atenta para verificar que muitas das coisas que hoje consideramos comuns vêm de uma veia crist

Sorte no paganismo germânico

A sorte, também conhecida como hamingja, é a manifestação externa da Frith e da Honra . A sorte no paganismo germânico nada tem a ver com aleatoriedade. Os antigos pagãos acreditavam que, para o innangard, a sorte era uma força que garantia o sucesso justamente por ser um reflexo direto do destino e da força, seu e da sua tribo. Grönbech, em seu excelente livro The Culture of the Teutons, traz a seguinte passagem: “Quando as plantações de um homem traziam ótimas colheitas, quando suas terras eram raramente visitadas por geada ou seca, este era chamado de beársæll: ele possuía a sorte da fertilidade.” Ou seja, a sorte para os povos germânicos de outrora era uma característica, e não uma aleatoriedade. Acreditava-se que a sorte, por ser esta característica, poderia estar contida, literalmente, em objetos físicos e que fosse possível enviá-la à sua vontade. Objetos de família eram altamente estimados, tendo em vista que eles agiam como um recipiente para a sorte da família. Esta sorte, c

Como fazer um Sumble? Como o Sumble Era Feito Historicamente?

Além do Blot, uma das ritualísticas básicas do paganismo germânico é o Sumble. Contudo, poucos sabem como segui-lo de maneira apropriada. Neste texto iremos passar os detalhes de como fazer um Sumble. As fontes principais são Beowulf e a Heimskringla Oláfs saga Tryggvasonar, já que estes possuem passagens bem longas e detalhadas que demonstram como Sumble era feito historicamente e, mais importante, qual era o significado do Sumble. Outro grande exemplo de um Blot de Yule e Sumble é a Saga de Hakon, o Bom, capítulos 15-16, em algumas traduções. Em outras, capítulos 13-14. A palavra “Sumble” vem do saxão antigo “symbel”. No poema em inglês Antigo Beowulf, o Sumble é chamado de “Symbel”. Em islandês antigo a palavra “Sumbl” aparece na Heimskringla Saga. A versão de Beowulf utilizada para este texto é a do livro de J.R.R. Tolkien, Beowulf – Uma Tradução Comentada. Nesta versão, os Sumbles são descritos por dezenas de páginas, com longos juramentos e vanglórias. Mesmo assim, existem vários

Os espíritos do lar

Desde a Grécia antiga os conceitos de espirito do lar, culto doméstico e culto ao fogo doméstico eram bem comum aos povos, se estendendo a muitos povos de raiz Indo-europeia, podendo encontrar crenças muito semelhantes entre os Celtas, Eslavos, Romanos e assim por diante. Dentro dos povos germânicos essas crenças são ainda mais amplas, podendo encontrar dentro da mitologia, crenças e folclore uma inúmera gama de seres, desde espíritos que vivem em rios, lagos, pedras, grutas, cavernas, pedras, na lareira, na sua casa, no celeiro, no jardim.       Como esses povos não possuíam uma distinção entre o espiritual e o mundano como nós temos hoje, a convivência e trato com esse tipo de seres era feita no dia a dia do povo, seguindo uma série de tradições, costumes e até mesmo regras, tudo se baseando na ideia de se manter um bom Grith, diferente de Frith, o Grith é uma espécie de acordo de paz, que esta dirigido a um local ou tempo, vamos entender isso melhor adiante, quando nos aprofundarmos

Wodan

  Wodan é uma deidade envolta em mistério e que ainda assim inspira e fascina as pessoas até hoje. A memória de Wodan, ou Odin, como é mais conhecido hoje em dia, nunca foi realmente perdida, ao contrário de várias outras deidades germânicas cujos nomes são as únicas coisas que conhecemos hoje em dia. As lendas de Wodan vivem até hoje através de versões cristianizadas de velhos rituais europeus que ainda são praticados. Este arquétipo ainda é incrivelmente visível, vide Tolkien e o seu trabalho em O Senhor dos Anéis, a ópera épica escrita por Wagner durante o século XIX e outras mídias mais recentes como o livro Deuses Americanos. Quem é Wodan exatamente e quais são as teorias que temos em relação ao seu culto? Hoje em dia Wodan é tido como a deidade principal do panteão germânico. Esta impressão vem em grande parte de fontes medievais como as Eddas. Contudo, existem sérias dúvidas sobre como os germânicos antigos o viam. Discutirei estas dúvidas mais para frente. Wodan é visto com