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Mostrando postagens de março, 2022

Honra para os Germânicos

Referências relacionadas a honra podem ser encontradas repetidamente nas fontes primárias assim como em escritos contemporâneos. Existe um problema consistente presente na maioria dos textos modernos: todos eles discutem honra como definida pelo autor, ou descrevem o que a honra significava para uma cultura específica em um tempo específico. Isso pode ser tranquilo para uma análise acadêmica de culturas, mas pode fazer com que o entendimento do conceito seja difícil. Um pagão também não pode inventar um conceito por si só. É largamente aceito que a moralidade, para um Pagão, é situacional, já que ela se relaciona diretamente com seu innangard. Logo, a definição de honra também segue esse caminho. Antes, innangard: são as pessoas, pagãs ou não, as quais um pagão cria e trabalha para manter laços de parentesco e o Frith. Isso logicamente envolve membros da família como também amigos extremamente próximos, os quais você considera como irmãos. Voltando à honra. A Honra é o respeito que vem

Pecado, Thew, e os Ossos do Innangard

Será que o pecado tem lugar no Paganismo Germânico? Para novos pagãos, rodeados de informação falsa que desnuda o Paganismo Germânico de significado e soterrados de livros escritos por autores sem interesse real, a resposta pode ser um não. Devido não obstante de uma estranha moda de focar em práticas solitárias e enraizadas em misticismos new age, um dos principais equívocos carregados por pagãos é o de que eles acreditam que abandonaram o mundo de tais conceitos arcaicos. Eles iriam, talvez, ficar horrorizados ao descobrir que enquanto a abordagem pagã do pecado difere, os aspectos fundamentais mantêm-se os mesmos. Pecar é transgredir contra a lei divina, conformidade com a qual é vital para a fundação de uma tribo saudável e duradoura. É apenas quando uma tribo começa a entender completamente os elementos presentes nas raízes de seus innangard e o que elas significam, que o relacionamento benéfico com o divino pode ser forjado. A estrutura e a ordenação da tribo ressoam profundament

Mãe Terra na Mitologia Germânica

  Um ensaio sobre a deusa Terra, Frigga, Jörd e Nerthus com base em trechos do livro Odin’s Wife de William P. Reaves (2018). Thor é conhecido como “o filho de Odin” (Völuspá 55) e mais frequentemente como o filho da Terra. Os exemplos poéticos que temos expandem nosso conhecimento de Jörd, fornecendo-nos epítetos adicionais pelos quais ela é conhecida. Eles estão em: Jarðar sunr, filho de Jörd, Haustlöng 14 Jarðar burr, filho de Jörd, Þrymskvida 1, Lokasenna 58 konr Jarðar, Parente de Jörd’s kinsman, Þórsdrápa 15 Hlöðynar mogr, filho de Hlödyn, Völuspá 56 Fjorgynjar burr, filho de Fjörgynn, Völuspá 56 Grundar svein, filho da Terra, Haustlöng 17 Esses epítetos se referem à terra física e a deusa pessoal da terra ao mesmo tempo. Eles são indistinguíveis. Em Hárbardsljóð 56, Thor é instruído a encontrar sua mãe Fjörgyn em Verland, a “terra dos homens”, onde ela lhe mostrará as “estradas dos parentes (áttunga brautir) para a terra de Odin”. O nome Hlódyn aparece pela primeira vez por vol

Os diferentes paganismos germânicos: Continental, Anglo-Saxão e Nórdico

A maioria dos pagãos modernos que seguem o caminho Germânico, seguem o modelo Nórdico. Existem pessoas — incluindo-nos — que, todavia, seguem o modelo Continental, e outros ainda, que seguem o Anglo-Saxão. Quais são as diferenças entre os três panteões? O quanto as fontes arqueológicas e escritas diferem umas das outras? E por que alguns decidem seguir o caminho continental? O caminho Nórdico é fortemente baseado na cultura escandinava do início da idade média, comumente chamada de Era Viking. A razão pela qual a maioria dos pagãos modernos seguem esse caminho é óbvia: fontes históricas em abundância, sejam elas arqueológicas ou escritas. As eddas clássicas são deste período, assim como as histórias sobre as vidas dos deuses, a arte e claro, a figura popular do viking. Escandinávia da Era VIking Não é difícil de entender o porquê de tantas pessoas irem até a religião escandinava medieval, já que ela é muito mais acessível para estudar. Há ainda uma razão um pouco controversa de que al

A Criação da Humanidade: O Völuspa é a única descrição deste evento?

De onde os humanos vieram segundo a mitologia Germânica? As Eddas nos provê com uma história de origem: “Então de uma multidão, três surgiram, Da casa dos deuses, os poderosos e graciosos, Dois sem destino na terra em que foram encontrados, Ask e Embla, vazios de poder. Não tinham alma, não tinham sentidos, Nem calor nem movimento, nem boa cor, Odin deu a alma, Hönir deu sentidos, Lothur deu o calor, e a boa cor.” — Völuspa, Edda Poética Será que era assim que os antigos povos pensavam sobre a criação da humanidade? Existem, entretanto, muitos problemas com esse texto do Völuspa. Primeiro de tudo, o texto foi escrito na segunda metade do século XIII, apesar de que acredita-se que alguns poemas são de 800AD-1000AD. Isso é bem avançado na era medieval e séculos após a era das tribos Gêrmanicas clássicas. É improvável que uma tradição oral se mantenha intocada por tantos anos. O segundo grande problema que nós temos é que a Edda Poética foi escrita por um cristão, e elementos cristãos são

Lista das Divindades Continentais Germânicas

  Esta é uma lista de divindades germânicas que eram adoradas pelas antigas tribos germânicas da Europa continental. Excluí os deuses nórdicos mencionados nas fontes medievais posteriores, como as Eddas, porque muitos deles eram desconhecidos para o resto da Germânia e eu queria fazer uma lista exclusiva de divindades para as tribos germânicas continentais apenas porque muitas dessas divindades quase foram esquecidas. Enquanto a maioria das pessoas conhece Loki, uma divindade que só era conhecida entre os escandinavos durante as eras medievais, bem depois que o cristianismo se apoderou da Europa e até da Islândia, quase ninguém sabe sobre Sandraudiga. Uma coisa especialmente interessante que notei é a diferença entre a quantidade de divindades masculinas e femininas. A mitologia nórdica medieval tem mais divindades masculinas do que femininas, isso também pode ser devido ao fato de os escritores cristãos se recusarem a escrever sobre divindades femininas. Por outro lado, a Europa conti

Frith - A base da religiosidade Germânica

A Frith, comumente traduzida para “paz”, não é definida de forma tão simplória. Infelizmente não existe uma única palavra para traçar um paralelo em relação a seu significado e, portanto, é necessário analisar diversos outros pontos para termos uma ideia de seu escopo. Todas as nossas ações e interações estão relacionadas à Frith. Utilizamo-nos dela para que possamos entender o mundo ao nosso redor, sendo ela o conceito mais básico presente na religiosidade germânica. A Frith pode ser explicada como um estado mútuo de altruísmo. É através dela que podemos descrever o relacionamento mais próximo que uma pessoa pode ter com outra. É uma combinação de paz, amor, segurança, alegria, deleite, gentileza, lealdade, confiança e afeição. A Frith exige seu espaço, portanto, devemos estar cientes de que tudo dará espaço à ela. Quaisquer outras obrigações, pensamento pessoais, são secundários às suas obrigações com a Frith. Daremos um exemplo simplório sobre tal conceito. Imagine-se em um emprego